A Espanha em choque
Ontem à noite, um canal
espanhol (Telecinco) promoveu um debate sobre o resultado de uma prova a que
a Comunidade de Madrid submeteu os professores
do ensino básico que concorriam a
colocação definitiva.
A primeira condição que aquela
Comunidade impunha para a admissão era o saber
elementar. Por isso, submeteu os concorrentes a uma prova minimalista, em
que se testavam apenas conhecimentos que se esperam de um aluno de 12 anos, tais como:
- localizar num mapa as principais cidades do país
- saber por que províncias passam os principais rios
- como se
escrevem algumas palavras (pelos exemplos parece que os erros mais frequentes estarão na troca do -b -
com -v - )
- quais as
regiões autonómicas e quais as respetivas capitais,
-
distinguir um animal mamífero dum ovíparo
- e muitos outros temas que
uma criança deve conhecer ao terminar a
sua formação inicial – (ensino primário
era o termo usado pelos jornalistas).
Concorreram mais de 14000 (catorze mil!) professores – e o resultado foi surpreendente: foram
reprovados 86% (mais
de 12 000 professores). Recordo que
se tratava de professores já em
exercício, que se candidatavam a um
lugar definitivo.
A Espanha está em choque.
Com a casa do vizinho a arder,
acautelemos a nossa.
Se o Ministério da Educação de
Portugal tivesse vontade – e liberdade!
- para poder fazer o mesmo, receio bem
que, na disciplina de português, o resultado não seria muito diferente.
Não deveria ser professor de
português quem não demonstrasse ser capaz de resolver, sem erros, uma prova de
exame do 9.º ano da escolaridade. E não seria pedir muito, evidentemente.