Gramática
do Português FCG
Como
é público, desde 2008 que eu
argumento contra a ideia generalizada, e errada, de que os
verbos copulativos selecionam
predicativo do sujeito. Apresento testemunhas:
o Moodle (moodle.dgidc.min-edu.pt) e, depois dele, o Ciberdúvidas.
Cabe-me
honestamente reconhecer que as minhas palavras e demonstrações não tiveram
qualquer efeito, e este erro continuou a ser divulgado. Ainda hoje mesmo o
Ciberdúvidas o repete, em resposta a um professor.
Mais
ou menos em 2012, cheguei ao conhecimento de que a Gulbenkian preparava a
publicação duma Gramática do Português. E fiquei cheio de certezas: iria,
decerto, surgir em Portugal uma autoridade em questões sintáticas. Depois dos
desaires da TLEBS e do seu sucedâneo D.T., iríamos dispor, finalmente, duma
obra fiável, - e imaginava-a já uma outra Nueva Gramatica de la Lengua
Española, da RAE.
Chegada
a Gramática, fui logo, ansioso como as crianças com novo brinquedo, a folhear,
a folhear, tentando encontrar apoio para as minhas angústias sintáticas.
A
questão do predicado das orações copulativas foi a que primeiro procurei. E lá está. Na
página 1286 é explícita a afirmação de que na frase a Maria estava triste, o adjetivo triste é predicado.
Também nas p. 1290 /1, na análise das frases A Clara está
gorda, Esse bicho é um tigre, O rapaz ficou com má cara esta Gramática afirma que a parte sublinhada constitui
o predicado - e isto só pode querer dizer que a sua análise
deve ser:
Suj.:
A Clara; pred.: está gorda
Suj.: o
rapaz; pred.: ficou com má cara
Suj.: Esse
bicho; Pred.: é um tigre.
É
fiquei feliz! Ninguém acreditara nas minhas propostas – mas elas, finalmente,
aí estavam, vencedoras, reconhecidas! Eu tinha razão!
Mas
… logo a desilusão chegou. Continuando a folhear, deparei, na página 1085, com a afirmação de que «os
adjetivos ocorrem como predicativo do sujeito em frases copulativas» como a Maria é inteligente.
Não pode ser! Como pode esta Gramática
do Português dizer uma coisa e o seu contrário?
E
encontrei, depois, complementos oblíquos,
orações subordinantes, e até uma análise
de oração composta que me deixa sérias dúvidas.
Continuarei
a estudar, e não me coibirei de levantar dúvidas – e até de propor alterações. A
Língua Portuguesa merece-o.
Reconheço
o inigualável mérito da equipa desta Gramática – mas aliquando dormitat Homerus. E não é só o meu Homero que, por vezes, faz uma sesta!
Sem comentários:
Enviar um comentário