terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Modificador e Adjunto
O que se passou ontem no Ciberdúvidas é totalmente incompreensível. Um consulente perguntou se os advérbios então e  podem ser considerados adjetivos em frases do tipo: O então ministro; o dono da casa…

Resposta do Ciberdúvidas:
O uso de advérbios como modificadores de substantivos é correto.
De seguida,  o mesmo Ciberdúvidas confirma, citando a Gramática do português (Gulbenkian):
«[A]lguns advérbios, entre os quais um pequeno número com valor semântico temporal ou locativo, podem ocorrer no interior de sintagmas nominais cujo núcleo é um nome eventivo ou denotador de um cargo, função ou profissão, funcionando como adjuntos adverbiais»
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O Ciberdúvidas não terá notado que «não bate a bota com a perdigota».
O Consulente pergunta se aqueles advérbios são adjetivos; o Ciberdúvidas responde que  são modificadores, - e demonstra-o, citando a Gramática do Português que os classifica como adjuntos! Se não é conversa de moucos, bem parece!

Será que no SN «o então ministro» o advérbio modificará o nome ministro? Não!  Fará dele um ministro menor, maior ou mais eficiente? Não!  
Se o advérbio não modifica o nome, a que propósito chamar-lhe modificador?

O sintagma «o então ministro» refere-se a um ministro que o era numa determinada altura, ou seja, num determinado tempo. Esta informação temporal  do cargo de ministro é opcional, quer dizer que, retirada, o sintagma manteria a gramaticalidade.
Os constituintes adverbiais, ou de valor equivalente, que desempenhem na frase  funções opcionais tomam, em sintaxe,  o nome de adjuntos – enquanto que os constituintes de presença gramaticalmente imposta são complementos. As gramáticas modernas insistem na conveniência – pedagogicamente indispensável -  da caracterização semântica.

Logo, à pergunta se os advérbios e então, naqueles sintagmas, podem ser considerados adjetivos, a única resposta aceitável seria: não. São advérbios que desempenham a função sintática de adjuntos adverbiais ou circunstanciais de tempo.

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