Faz hoje 520 anos
Lisboa, 10 de julho de
1499
(dois anos e dois dias que mudaram o
mundo)
Dois anos e dois dias depois da
saída do Restelo, chega a Lisboa a caravela Bérrio, comandada por Nicolau
Coelho. Toda a viagem fora extremamente complicada, mas o sucesso do
atrevimento português era inegável.
Portugal acabava de demonstrar que “altivo peito não cabe em terreno tão pequeno” (Lusíadas III-94) e que, “por
sermos poucos, os muitos não temamos” (idem, VIII-36).
A visão global do mundo e o
atrevimento humano não podiam ter, nem nunca tiveram, maior demonstração.
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Depois de revelar aos navegantes o
verdadeiro prémio de todos os seus atrevimentos:
um império em quatro continentes, um
mar aberto à navegação global, uma maneira nova de ver o mundo e de nele estar,
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«Podeis-vos embarcar, que tendes
vento
E mar tranquilo, para a pátria
amada.»
Assim lhes disse; e logo movimento
Fazem da ilha alegre e namorada.
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“Podeis embarcar para a pátria amada, pois tendes vento e mar
tranquilo”. Assim lhes disse. E logo partiram da ilha alegre e namorada.
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Assim foram cortando o mar sereno,
Com vento sempre manso e nunca
irado,
Até que houveram vista do terreno
Em que nasceram, sempre desejado.
Entraram pela foz do Tejo ameno,
E à sua pátria e rei temido e amado
O prémio e glória dão por que
mandou,
E com títulos novos se ilustrou.
Assim partiram, com bons ventos e mar sereno, até que avistaram
a sempre desejada terra onde nasceram. Entraram pela foz do Tejo ameno,
trazendo à sua pátria e ao rei, que temiam, mas amavam, o prémio e a glória que
lhes mandara buscar – motivo de novos títulos com que mais o rei se afamou.